domingo, 10 de janeiro de 2010

Cachoeira do Agreste e Domingos Lopes (Morro do Chapéu - BA)

Após alguns meses de organização, conversas fiadas, listas, orçamentos, itinerários, bobagens, promiscuidades pelo MSN, e uma série de outras coisas, decidimos que faríamos uma nova viagem por nossa região em busca de novas formas de lazer. Queríamos, assim como em Uma Viagem Muito Louca - Parte I e Parte II, algo que fosse divertido e ao mesmo tempo mesclasse baixo custo e valorização das riquezas locais.
Inicialmente pretendíamos (Edson, Erick e Marcelo) viajar uma semana inteira por parte do que o município de Morro do Chapéu pode proporcionar de diversão, entretenimento e conhecimento, tais como Cachoeira do Agreste, Cachoeira do Ferro Doido, Cachoeira Domingos Lopes, Buraco do Possidônio, Vila Fantasma do Ventura e o Morrão.
O nosso grupo de viagem e desbravadores, conhecido carinhosamente por "Kalangos de Muxila", tinha em mente e coração a vontade e determinação para ir em todos os lugares cogitados inicialmente e em mais alguns se fosse o possível. Contudo, devido há alguns pequenos "probleminhas", tivemos que mudar muito do que tínhamos planejado inicialmente.
Primeiro: nossa InVenenada, depois de supervalorizada pela fama repentina, foi lucrosamente vendida. Para nossa tristeza, ela pertence a outro nesse momento. Segundo: nosso querido amigo Ericson, vulgo Big-Foot, com toda aquela sua cabeça e conhecimento geográfico, por um empecilho empregatício, não pôde ir conosco. Palavras dele na comunidade Os Viajantes: "Confesso que estou muito triste porque, devido à minha condição de escravo proletário, não pude ir à Viagem Muito Louca – Parte III (…) Confesso que estou ansioso para ouvir as loucas histórias dos nossos amigos Viajantes, nessa nova aventura, que certamente dará muita resenha... Enfim, confesso que eles devem estar si divertindo pakas*, e eu não!”. Cá entre nós, confessamos que ficamos com muita pena dele!
*É pakas mesmo, não Pankas.
Depois tivemos outro problema: devido a falta deste que é a nossa "cabeça" em definir para onde e como chegarmos até onde queremos ir, perdemos também a possibilidade de visitar e repousar no CIEG (Centro Integrado de Estudos Geológicos) do Morro do Chapéu. Era também Big-Foot que conhecia o nosso possível guia para os locais que certamente não saberíamos chegar. Por isto, e por outras coisas mais, decidimos adiar a ida para alguns lugares mais distantes.
Como nossos problemas ainda pareciam ser poucos, dias antes da viagem (marcada para os dias 04, 05, 06 e 07 de Janeiro), praticamente mais da metade dos Kalangos caíram lisos. Ser pobre é dureza...
Diante dos empecilhos que surgiram no decorrer dos dias que antecederam a viagem, decidimos em uma reunião conturbada, porém proveitosa, que reduziríamos tudo em nosso novo camping: reduzimos dias, carros (inicialmente seriam três), custos, lugares a serem visitados, e um pouco da comida. Não pudemos reduzir mais comida, porque lembramos que Joca-Tigre ainda iria conosco e, certamente, uma redução acarretaria em uma compra posterior de suprimentos.
Dadas as explicações, vamos às apresentações. Alguns outros membros dos Kalangos não puderam ir. Além de Big-Foot, Languinho e Filhote não estiveram presentes nesta viagem e, no lugar deles, se acrescentaram novos membros e irmãos. O grupo ainda assim se manteve como o “Clube do Bolinha” (sem referência ao gordo do Huelber e do Marcelo, e as barrigas salientes do Idiosmar e Vicentão).
O grupo foi composto por:
  • Clécio (Cynho ou Cisi);
  • Edson (Edinho, Idiosmar ou Xobas);
  • Egnard (Vicente ou Chicó);
  • Fagner (Bugga ou Abelardo);
  • Huelber (Cremosinho, Água Mineral, Tum-Tum, Crispim, Tratorzinho ou Gudão);
  • Joziel (Joca-Tigre, O Dominador ou Joca Jackson);
  • Lucas (Cabeção ou Pirulito);
  • Marcelo Carneiro (Pankas, Boer ou Tony Ramos);
  • Nilson (Negão, O Salvador ou Michael Nilson);
  • Rodriguinho (Digão);
  • Ronaldo Júnior (Narciso ou Pavão);
  • Vinícius (Galego ou Menininho da Mamãe).   
 

    Na manhã da segunda-feira saímos às compras enquanto o nosso novo carro (uma F-1000 emprestada pelo pai de Bugga) ainda não nos estava disponível. Decidimos não levar desta vez os macarrões instantâneos, pois alguns viajantes reclamaram do miojo cru na última viagem... Todos votamos para as refeições de cuscuz, alguma carne para completar a coisa, muitos pães com mortadela, frutas e muito refrigerante quente.
    A saída estava marcada para as 13h00, no entanto, não esperávamos que o carro, ao chegar da fazenda, estivesse tão infestado de fezes bovinas. Devido a este contratempo tivemos que, obviamente, lavar todo o carro. Feito isto e tudo ajeitado, com um atraso de apenas duas horas (estamos evoluindo, da outra vez foram quatro horas e meia) enchemos o tanque e partimos em direção a Cachoeira do Agreste, no conhecido Rio do Jacuípe. Diga-se de passagem, o nosso motorista da vez não foi Pankas, mas sim Gudão ou Tum-Tum, ou Crispim, ou... Aaaahhh... vocês entenderam.
    Enfim, finalmente na estrada. Cabelos ao vento, alegria e o boné de Pirulito no ar (não foi por falta de aviso, mas o moleque é teimoso), satisfação, e uma pesada dose de ansiedade... Chegamos ao rio cerca de uma hora depois, quando percebemos que não estávamos sozinhos: havia um ribeirinho que possui um bar à beira do rio. Após uma pequena reunião percebemos que tínhamos esquecido fósforos. Como ninguém em nosso grupo fuma, percebemos que tínhamos que conhecer o ribeirinho e fazer amizade, e quem sabe depois dar aquele "velho abraço" e perguntar: Me empresta uma caixa de Fósforo?! (Queríamos ter aquele emotion do MSN com um sorriso aberto pra colocar aqui com uma cara bem sínica). Nada feito, o cara tinha inúmeras bebidas, mas fósforo, nem de longe. Felizmente algumas pessoas conhecidas estavam no rio e feita a nossa solicitação, prontamente nos atenderam e nos passando exatos 14 palitos. Estávamos bem, agora nada mais faltava... Achávamos...
    Pouco tempo depois armamos o circo, quer dizer, o acampamento. Todas as barracas armadas, Pankas nervoso com o trabalho que a barraca dele dá pra armar, lenha recolhida para a fogueira e tudo colocado em seu devido lugar. Tomamos um delicioso banho no Poço da Tiririca. Ficamos alí até anoitecer e então preparamos o café. Foi aí que lembramos que tínhamos nos esquecido de levar uma panela. Recorremos mais uma vez ao “tiozinho” do fósforo, e mais uma vez nosso pedido não obteve êxito. Ele não tinha panela.
    Nosso cardápio? Dois pães e um cuscuz para cada um. O grande amigo Joca-Tigre se excedeu um pouco ao comer dois cuscuz, 5 pães e um pedido negado de mais um... Mas isso é o de menos. O bom é que ele se satisfez, mesmo que por apenas 4 ou 5 horas.
    Mais tarde, ao som dos violões e cantoria, Pankas e Negão foram jogar capoeira na areia do rio. Depois de quase tomar uma “voadora” no “pé do ouvido”, Pankas desistiu. Além do mais, o seu peso não o permitia de ousar nos movimentos. Outra coisa que lembramos é que a carne teria que ser salgada, senão ela se perderia. Prontamente, Idiosmar e Negão (agora também Michael Nilson, devido ao seu rosto pálido de tanto protetor solar) salgaram a carne com tempero pronto. No entanto, com tempero demais...

    Dormimos todos tranquilos e no amanhecer do dia comemos às pressas para a primeira trilha de nossa Viagem Muito Louca - Parte III. O plano? Seguir até a última cachoeira, uma caminhada de quase 6 km (ida e volta) sem parar e só depois voltar para comer. Pedimos ao nosso então novo amigo de infância, “O Ribeirinho”, para guardar o nosso carro emprestado enquanto iríamos até a cachoeira. Aí ficamos sabendo que, segundo ele, alí onde dormimos ainda existem onças e muitas, muitas cobras.

    “Caminhando e cantando” fomos todos nósm, "Os Doze", descendo rio abaixo... A cantoria não durou muito, pois devido aos desafinados, conseguimos assanhar um enxame de abelhas, que acabaram por ferroar o Negão, Joca Jackson e Gudão, este último o mais premiado: recebeu o ferrão acima do olho. Os que vinham mais atrás tiveram que passar agachados pelo local, incorporando de fato o espírito de “Kalango”e vencendo assim mais uma “batalha”.
    “Fruto do encontro do Rio Jacuípe com o Rio Preto, a Cachoeira do Agreste brinda a natureza em meio a uma flora diversificada e colorida por bromélias, orquídeas gigantes de cerca de um metro de altura, e exemplares de plantas carnívoras, devoradoras de insetos. A queda d’água tem aproximadamente 50 metros de altura, seguida de uma bacia que se precipita em um canal com poços profundos onde, no passado, se dava a exploração de diamantes. Durante a trilha, de aproximados 3 km, várias praias e pequenas quedas d’água margeiam o rio enfeitado de flores e cores. O acesso à Cachoeira do Agreste fica a 17 quilômetros de Morro do Chapéu, pela BA-426, em trecho asfaltado. A partir daí, são mais 8,5 quilômetros de estrada de terra.”
    Após tomarmos um banho na água gelada, decidimos voltar, afinal, Joca-Tigre e o Galeguinho da Mamãe já reclamavam da fome. Ao passarmos novamente perto das abelhas, concluímos que, se não achássemos outra trilha, teríamos que passar nadando. Neste momento presenciamos uma das atitudes mais emotivas do camping ao descobrirmos que o Michael Nilson não sabia nadar. Segue o pedido:
    Michael Nilson: “Júnior, se tiver que passar nadando, me leva nas costas nego?... Eu não sei nadar!!!”
    Vencido as abelhas, chegamos até o nosso velho e bom amigo ribeirinho. Mas ele já não estava sozinho: seus fiéis clientes estavam o ocupando um pouco (notamos isto ao ver as sete garrafas de cachaça sobre as mesas do quiosque). Mais à frente, nos encontramos com algumas amigas e um amigo (Saara, Saane, Camila, Marla e Abnadabe, e uma advogada que não sabemos o nome, mas que aparentemente estava super afim do Negão...). De imediato fomos surpreendidos com a pergunta de Saara: Vocês trouxeram carne? Também de imediato decidimos ir comer no povoado de Flores, pois se não tínhamos praticamente nada além de 1 kg de linguiça josefina, eles só tinham pão com presunto. Ah! Nos despedimos do “tiozinho” do fósforo também.
    Chegando às Flores, armamos a cozinha no meio da praça, e depois de conseguirmos algumas panelas emprestadas, comemos cuscuz com Josefina. Em seguida, seguimos viagem para o povoado de Fedegosos. Lá percebemos que Gudão tinha certo apreço de algumas “menininhas” do local (contaremos detalhes adiante). Enfim, comprados mais mantimentos (pão, mortadela e refrigerante) para o resto da viagem, seguimos para a Cachoeira Domingos Lopes.
    “A Cachoeira Domingos Lopes, também é formada pelo Rio Jacuípe. Para chegar, são 12,5 quilômetros em estrada de terra a partir da BA-426, até um novo entroncamento para o povoado de Cachoeira, e, daí, mais 1,8 quilômetros e 600 m de trilha. Na nascente, um belíssimo lago é um convite irresistível para banhar-se e curtir a tranqüilidade do local em meio à natureza.”
    Quase chegando ao local, Tum-Tum teve a brilhante idéia de ligarmos para “Seu Valter” e pedir abrigo em sua fazenda “Berlenga”. Lá utilizamos sua cozinha, mas apenas a cozinha, já que não podíamos dormir lá devido a numerosa população de morcegos.
    Lembram da carne que salgamos? Quase 40 horas depois resolvemos comê-la. No entanto, esquecemos de lavá-la. O cardápio seria dois pães e 7 pedaços de carne para cada, contadíssimos. Contudo, a carne estava tipo... Como dizer... Sal puro? O coitado do Cynho dizia não sentir mais o “céu da boca” e cedeu seus últimos três pedaços para Vicentão que, sem pestanejar, perguntou: vocês lavaram a carne com água do mar, foi?

    Comemos e dormimos: estávamos todos mortos de cansaço. Entretanto, Digão, que agora estava dormindo com o Galego e O Dominador na barraca do Dominador devido a problemas técnicos na barraca de Tratorzinho, dialogava em voz baixa com Joca:
    _ Digão, cadê?
    _ O que, Joca?
    _ Ué, tu sabe.
    _ Tá na barraca de Bugga.
    _ Vai lá pegar...
    Cinco minutos depois Digão chega na barraca de Abelardo e faz a solicitação: “Bugga, me dá minha bolsa de merenda aí...” Vale lembrar que Digão tem apenas 12 anos. Nem precisamos dizer que pela manhã o chão que circulava a barraca do Dominador estava cheia de papéis e plásticos de biscoitos recheados.
    P.S.: Sempre recolhemos o lixo e trazemos de volta!
    Por volta de meia noite, quando todos dormiam, Bugga acordou desesperado, ofegante e morrendo de sede, tentando acordar qualquer indivíduo para fazer uma pequena caridade e lhe arrumasse um pouco de água pra continuar a dormir tranquilamente. Porém, ao sair da barraca, encontrou apenas Chicó acordado e lhe perguntou: Vicente, tu tem um pouco de água aí bixo?! Júnior replicou que não, e desesperadamente Bugga se virou para a barraca de Idiosmar perguntando o mesmo. Xobas não tinha água, mas sabia onde tinha: “Na torneira da pia atrás da casa!” Bugga, maluco, partiu para torneira (segundo ele se cuspisse, só sairia SAL), e num momento de loucura colocou a boca na torneira bebendo nada menos que mais de 1,5 litros de água sem parar. A caixa estava quase seca e por isto aquela velha sujeira e besouros vieram junto com a água. Mas com sede, com sede ele não ficou.
    Pela manhã Gudas e Cynho ficaram responsáveis por nossa alimentação, que seria macarrão na sacola ao molho com mortadela, e é claro, um suco feito carinhosamente por Narciso que o escondeu por uns instantes em seu cobertor, sendo depois surrupiado por Pirulito e Negão de forma viril.
    Bem alimentados, seguimos para a Cachoeira Domingos Lopes, onde pegamos a pior trilha possível (queríamos aventura... Ideia de Michael Nilson). Mais adiante, vimos Digão “puto da vida” com as ideias de Michael (Este Nilson é cheio de coisa, viu?!).
    Passamos o dia inteiro por ali, e depois de Pirulito dar milhões de dores de cabeça pra seu irmão Xobas (diga-se de passagem, Pirulito só quer ficar e fazer as coisas mais perigosas que podem ser feitas), chegamos à última parada de nossa viagem: O Poço Azul, que neste dia estava preto devido a chuva.
    Lá achamos estranho Cremosinho de uma hora para outra começar a se produzir: O homem passou xampu, sabonete, hidratante corporal, fez a barba, botou perfume e mais um monte de outros adereços. Indagado sobre o porquê de tudo aquilo, prontamente ele pediu para darmos 5 minutos a ele para uma “cantadinha” na menina do Fedegosos. Decidimos em assembléia que ele teria 5 minutos para “queixá-la”. Se a beijasse, ganharia mais 15 ou 20 minutos.
    No entanto, chegando ao povoado de Fedegosos, ficamos surpresos por que ele só conversou dois míseros minutos, deu um beijo na testa, deu as costas pra guria e foi embora. Xobas de imediato falou: “Se era pra fazer isto, tinha feito comigo moço, assim a gente chegava mais cedo e não tinha parado”.
    E assim viemos pra casa, chegando com segurança na quarta por volta das 18h00, finalizando esta que foi uma viagem espetacular. De maneira geral, essa viagem foi extremamente proveitosa, não só por termos conhecido lugares interessantes – e tão próximos de nós – que há muito pretendíamos conhecer, como também pela construção de novas amizades e fortalecimento das velhas. Deixou em todos os que foram um gosto extremamente adocicado de quero mais, aguardando ansiosamente outra oportunidade de mais uma aventura barata e reconhecidamente valiosa em termos de conhecimento e diversão.

    1 comentários:

    Anônimo disse...

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