Depois de muita discussão, briga de facas, kickboxing e outros malabarismos para decidir quem teria vaga garantida na concorrida viagem, um ano e quinze dias após a primeira viagem dos Kalangos de Muxila (Uma Viagem Muito Louca! Parte I) o grupo retornou ao Parque Estadual Sete Passagem - PESP, em Miguel Calmon/BA.
Uma das características do grupo Kalangos de Muxila é a capacidade de agregar em sua volta um grande número de amigos. Nesta viagem não foi diferente, e o “Clube do Bolinha” cada vez faz mais jus à seu apelido. Assim, dentre membros efetivos, agregados e convidados foram:
- Edson R. D’Angelo (Edinho, Xobas ou Gladstone)
- Ericson Batista (Erick ou Big-Foot)
- Huelber Vinícius (Tum-Tum, Água Mineral, Gudão, dentre outros)
- Joziel Souza (S2 - Essí-Dois-, Joca Tigre, O Dominador)
- Marcelo Carneiro (Pankas, Tony Ramos)
- Nilson Bonfim (Michel Nilson, o Salvador)
- Vinícius Rios (Galego, Menininho da Mamãe)
- Fagner (Bugga, Abelardo)
- Edson D’Angelo (Careca)
- Eduardo Rios (Dú)
- Carlos André (Ben10, Pága)
- Ronaldo Júnior (Pavão, Narciso)
- Lucas R. D’Angelo (Cabeção, Pirulito)
- Jônatas Batista (Big-Foot-Two)
Rompendo a tradição, praticamente não houve atraso no horário de saída, apesar de na noite anterior termos muito trabalho para limpar o estrume que perfumava nosso transporte, usualmente utilizado como transporte de bovinos. Ben10 teve que ir de moto, duas horas após nossa partida, devido a prova de um concurso, na qual nosso amigo “matou-a-pau”.
Ao passar pela Serra do Tombador, Big-Foot pediu arreio, pois sua cara-pálida já tinha ficado de todas as cores do arco-íris, predominando o amarelo e azul, pois estava bastante enjoado. Deve ser pelo estado de graça em que sua esposa se encontra. Grávida de 12 semanas, Big-Foot também se sente nas mesmas condições...
Ao chegar à acolhedora Miguel Calmon paramos para descansar, comprar algumas frutas na feira livre e para pegar nosso velho amigo Pankas, que fez das tripas coração para estar conosco nessa aventura, aproveitando assim, a oportunidade de comemorar seu aniversário junto aos amigos e família. E nada melhor que um camping para isso. Kalangada reunida, andando em fila indiana na feira livre, entre uma barraca e outra, despertou vários olhares estranhos e um comentário singelo de uma senhora, no mínimo cômico: “Vixe! ' Qué ' homi!”
Ao chegar ao PESP, fomos bem recebidos pelos guarda-parques, que nos orientaram sobre as normas do PESP e explanaram sobre preservação e educação ambiental. Michel Nilson foi o único reconhecido da turma, pela guarda-parque Marlúsia, carinhosamente chamado de “Mel”. Nilsão logo se assanhou se perguntando: “Que mistura dá Mel com Chocolate?”
No Parque Estadual Sete Passagens existem nascentes dos rios Paraguaçu e Itapicuru, formando 14 lindas cachoeiras em área serrana e de vegetação extremamente diversificada. Sua fauna e flora possuem inúmeros exemplares endêmicos e em extinção. Na sede há uma área de reabilitação de animais apreendidos por órgãos fiscalizadores, como o IBAMA. Alguns desses animais, devido a dependência, ficam aos arredores da sede, como um casal de veados, os famosos periquitos e uma rolinha (muitos no grupo notaram sua ausência nessa viagem).
Saímos por volta das 12:30 rumo ao Vale do Dandá, depois de comermos o delicioso “feijãozinho com arroz” beeeeeem gelado feito por nossa querida Capoeirista e futura mãe de “Little-Foot”. Pelo horário, não esperávamos encontrar tanta cerração, tampouco tanto frio, que julgamos beirar os 13 graus. A sensação térmica, devido aos fortes ventos e à chuva constante, certamente ficará gravada em nossa memória, até porque alguns já tinham suas extremidades dormentes. Mijar era praticamente impossível, a menos se se tivesse uma lupa ou uma pinça, ou se entendêssemos braile (com exceção talvez para Gladistone, reza a lenda...).
A umidade constante faz com que a água mine na trilha, tornando-a um ambiente propício à proliferação de limos e musgos. Essa combinação rendeu alguns tombos e tantos outros escorregões. O Careca, por exemplo, precisou de ajuda para levantar-se. Pavão, pouco vaidoso, utilizando-se de pedras encontradas na trilha, usou o frio como pretexto pra fazer uma malhação.
Percorremos áreas de vegetação rupestre e capões bastante densos e exuberantes. Num deles, inclusive, estão sendo realizados estudos científicos.
Infelizmente, ao chegar ao Vale do Dandá, lá do céu, Raulzito, Cazuza, Bob Marley, Jimi Hendrix e São Pedro pareciam não querer largar o “cigarrinho do demônio”, pois a neblina não nos deixava enxergar a mais que algumas dezenas de metros, nos privando de uma das magníficas visões do paraíso possíveis no PESP.
Estávamos em um ponto a cerca de 1.100 metros de altitude e centenas de metros de altura. Reza a lenda que qualquer um que jogue seu boné precipício abaixo o terá arremessado de volta. Big-Foot-Too se prontificou a testar, tendo seu boné arremessado ao longe, pela força do vento. Galego, malandro, pegou o “bonezinho” de Pirulito, amassou-o e o arremessou penhasco abaixo. Infelizmente, o fenômeno não se repetiu.
Parcialmente frustradas as expectativas de rever o Vale do Dandá, rumamos em mais uma trilha, agora em direção à Cachoeira do Jajai, onde alguns se banharam e outros apenas contemplaram as beldades semi-nuas na gélida queda d ' água. O frio faz encolher algumas partes íntimas, mas infelizmente não faz diminuir o excesso de peso, evidenciando que a kalangada precisa urgentemente de um regime. Mas isso não intimidou Michel Nilson, que nos surpreendeu com uma cuequinha no mínimo curiosa. Dentre os que se banharam na cachoeira, alguns (até mesmo o mais vaidoso) se recusaram a tomar banho de chuveiro, numa tentativa de esquivar-se do frio.
Parcialmente frustradas as expectativas de rever o Vale do Dandá, rumamos em mais uma trilha, agora em direção à Cachoeira do Jajai, onde alguns se banharam e outros apenas contemplaram as beldades semi-nuas na gélida queda d ' água. O frio faz encolher algumas partes íntimas, mas infelizmente não faz diminuir o excesso de peso, evidenciando que a kalangada precisa urgentemente de um regime. Mas isso não intimidou Michel Nilson, que nos surpreendeu com uma cuequinha no mínimo curiosa. Dentre os que se banharam na cachoeira, alguns (até mesmo o mais vaidoso) se recusaram a tomar banho de chuveiro, numa tentativa de esquivar-se do frio.
À noite, o frio que beirava ao congelamento, e a neblina e a chuva limitava nossas opções. Mas foi uma noite regada ao som dos violões de Ben10, Erick e Narciso e muitas brincadeiras no estilo “improviso” ocuparam essas mentes ociosas, porém cheias de criatividade. Dentre as brincadeiras, destacou-se as mímicas para adivinhação, com as pérolas de Pirulito, que levantou a suspeita que seu cabeção não passa de um ornamento (por exemplo, fazendo movimento circular sobre sua cabeça para representar o filme “Central do Brasil” [sic!]).
Quase todos foram dormir antes das 22:00, pois no dia seguinte tínhamos como objetivo maior provar àquele guia da viagem passada que somos capazes. Os Kalangos rumariam a uma das mais distantes das cachoeiras e uma das mais belas: a cachoeira do Coração (esse nome é original, não foi uma homenagem ao nosso amigo Joka).
Pela manhã, viu-se o estrago provocado pela chuva nas barracas. Algumas viraram verdadeiros barcos. Quem levou colchão de espuma teve mais sorte, pois estes absorveram toda a água que inundava a barraca...
Ben10, faminto e revoltado porque havia perdido seu lanche na entrada do parque no dia anterior, não cansava de gritar para outro grupo que havia chegado depois de nós: “ O povo acha e não vem devolver a merenda dos outros!!!”
Ben10, faminto e revoltado porque havia perdido seu lanche na entrada do parque no dia anterior, não cansava de gritar para outro grupo que havia chegado depois de nós: “ O povo acha e não vem devolver a merenda dos outros!!!”
Lamentavelmente, as adversidades climáticas nos obrigaram a abortar nossos magníficos planos de desbravamento do PESP. Mas mentes criativas borbulham em momentos de ócio forçado. Assim, na manhã de domingo rolou mais voz e violão, mais “improviso”, muitas fotos em poses ridículas e até uma coreografia esquisita (uma mistura do Waka Waka, dança do Canguru, da Batina e da Jega do tio Bano...)
Na volta, Miguel Calmon viu-se invadida com os gritos da célebre frase vocálica: "Óia o aió aí, óia!", já ensaiados no dia anterior na feira livre da cidade, chamando a atenção da senhora que notou a quantidade exagerada de machos “alfa”.
Já chegando, Big-Foot repetiu a proeza da ida, resolvendo enjoar novamente. Resistiu bravamente até não conseguir segurar mais os frutos ingeridos no PESP, regurgitando-os aos pés de Pavão.
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Apesar da frustração dos planos iniciais devido às adversidades climáticas (aprendemos que o período de inverno não é o mais propício para acampar), sempre vale à pena visitar o Parque Estadual Sete Passagens, não só pela sua importância ecológica, mas também e principalmente pela sua beleza paisagística. Os Kalangos de Muxila demonstraram mais uma vez que é possível turismo com custos mínimos e diversão ao máximo e que não há situação adversa que afaste nossa capacidade de divertimento recheado com informação. Esse é o “espirito dos Kalangos”.
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Apesar da frustração dos planos iniciais devido às adversidades climáticas (aprendemos que o período de inverno não é o mais propício para acampar), sempre vale à pena visitar o Parque Estadual Sete Passagens, não só pela sua importância ecológica, mas também e principalmente pela sua beleza paisagística. Os Kalangos de Muxila demonstraram mais uma vez que é possível turismo com custos mínimos e diversão ao máximo e que não há situação adversa que afaste nossa capacidade de divertimento recheado com informação. Esse é o “espirito dos Kalangos”.
E no mais, Tchau!
1 comentários:
ótimo roteiro velho muito massa sua descrição da viagem! sou da chapada diamantina Andaraí me inspirou a relatar meus passeio pela chapada paty capao lençóis .... boa aventura e sorte na vida!
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