Após alguns meses de organização, conversas, listas, orçamentos, itinerários, bobagens, promiscuidades pelo MSN, e uma série de outras coisas, decidimos que faríamos uma viagem por nossa região à busca de novas formas de lazer. Algo que fosse divertido, e ao mesmo tempo mesclasse baixo custo e valorização das riquezas locais.
Inicialmente pretendíamos (Edson, Erick e Marcelo) viajar duas semanas: uma para Miguel Calmon (Parque Estadual Sete Passagens), Ourolândia (Toca dos Ossos e Poço Verde) e Várzea Nova (Sítio Geológico/Paleontológico - Fazenda Arrecife); e outra para Morro do Chapéu (cachoeiras diversas, Lajedo Bordado, Possidônio, Gruta do Cristal, etc.), mas devido a algumas limitações, principalmente carro e dinheiro, adiamos, por tempo indefinido, a segunda semana.
O grupo de viagem que antes era formado por duas mulheres e três homens, se tornou um verdadeiro “Clube do Bolinha” (sem referência ao gordo do Huelber e do Marcelo). O grupo foi composto por:
- Edson (Edinho ou Idiosmar);
- Ericson (Erick ou Big-Foot);
- Egnard (Vicente ou Chicó);
- Huelber (Cremosinho, Água Mineral ou Gudão);
- Joziel (Joca-Tigre);
- Langston (Languinho);
- Marcelo Carneiro (Pankas, Boer ou Tony Ramos);
- Nilson (Negão, O Salvador);
- Vinícius (Galego ou Menininho da Mamãe).
O horário previsto de saída era 07:00h, mas devido à vários problemas com a Caravan (bateria, estepe, óleo para motor, caixa de marcha... enfim, a própria Caravan), nos atrasamos. Aliado a isso, outras pessoas se acrescentaram ao grupo (Negão, Languinho e Galego). Saímos da cidade por volta das 11:30h (apenas quatro horas e meia de atraso, nada que desanimasse estes bravos desbravadores de chegar ao seu destino (Parque Estadual Sete Passagens – PESP)).
Pegando a estrada que passa pelo Curtume, Mulungu dos Valois, Macaúbas e Urubu, seguimos em direção a Miguel Calmon, muito conhecida na região como “Cidade dos Calças-curtas”. Contudo, não esperávamos que traçando essa rota houvesse tantas ladeiras. De cara, logo após passarmos pelo povoado de Macaúbas, tivemos uma amostra de como seria o resto de nossa viagem. É bom que se entenda que foram dois carros: um Uno Mille e uma Caravan. O que seria nós se não fosse esse Uno...
Em Miguel Calmon paramos para lanchar antes de seguir viagem. Ao passar por um posto de gasolina e pedirmos informações de como chegar ao Parque, ouvimos um comentário muito cômico e sarcástico sobre o nosso imponente veículo (Caravan, “a Invenenada”): “Será que sobe???”. De fato, na primeira ladeira que encontramos a “invenenada” não fez jus ao nome. Após alguns esforços braçais, vencemos essa batalha que nos afligiu, e outro pensamento nos veio: “Quem acredita, sempre alcança”.
Mal sabíamos o que ainda viria: daí pra frente foram só descidas... Explicamos: 26 ladeiras e 26 descidas. Isso nos fez ter um pensamento comum: “Para viagens desse tipo, sempre faça com um carro potente, com bons pneus, um bom motor, com estepe, de preferência que não seja a ‘bujão’, que todos os seus adereços estejam em funcionamento e em seus devidos lugares (retrovisores, limpadores de pára-brisas, chave de ignição, dentre outros). Ou seja, NÃO VÁ DE CARAVAN VELHA!”
Como Hércules em seus 12 trabalhos, vencemos 25 ladeiras (VIVA!). Até então, esnobávamos o tal comentário do cara do posto. Nos sentíamos fortes, destemidos, corajosos... Mas para nossa surpresa (e raiva), descobrimos o verdadeiro motivo do sórdido comentário: nos deparamos com dois quilômetros de ladeira contínua e um desnível de aproximadamente 250 metros (sic!). Obviamente não conseguimos empurrar a “invenenada” até a sede do Parque, tivemos que o deixá-la no estacionamento que fica na entrada deste, no sopé da dita ladeira.
Finalmente, chegamos ao parque por volta das 16:00h.
“O Parque Estadual Sete Passagens foi criado pelo Decreto 7.808 de 24 de maio de 2000, com uma área de 2.821 hectares. Está localizado no município de Miguel Calmon, região da Chapada Norte, estado da Bahia, região nordeste do Brasil. Fica a 367 km da capital, Salvador. É berço de algumas bacias hidrográficas, como a do Rio Paraguaçu e do Rio Salitre, pois abrange as nascentes destes rios. O parque também se inclui na bacia do Rio Itapirucu.”
Fomos muito bem recebidos por três guardas do parque (dentre eles uma mulher, Marlúzia, que prefere ser chamada de Mel), que nos deram boas vindas e nos orientaram quanto a alguns cuidados que devem ser tomados durante a estadia. Fomos recepcionados também por três assanhados periquitos e uma feliz rolinha (o nome desses singelos animais, juntos, é bastante sugestivo...).
Providenciamos a armação das barracas e fomos conhecer a cachoeira do Jajai, a mais perto da sede do parque, a apenas 5 minutos de caminhada. Apesar do frio, todos tomamos banho. Alguns de bermuda, outros de “sunguinha” (coisa ridícula).
Na volta, aproveitamos o lindo pôr-do-sol para tirarmos várias fotos num mirante voltado para Miguel Calmon, do qual dá pra ver a escarpa da Serra do Tombador.
À noite, cantamos ao som dos violões de Big-Foot e Vicente, enquanto comemos cuscuz, contamos piadas e tiramos mais fotos no mirante.
Estava muito frio e com ventos muito fortes. Decidimos então acender uma fogueira, mas nossa decisão foi apenas uma decisão, porque fogo que é bom, NADA! A lenha estava molhada. Tentamos de tudo, de rolos de papel higiênico a gases flatulentos, mas não obtivemos êxito.
Tocávamos e cantávamos embaixo de uma espaçosa tenda, que sob as luzes das lanternas, mais parecia uma boate. Infelizmente o vento fez questão de tirá-la do chão e pô-la de perna pra cima. Sem fogueira e sem teto, não tínhamos escolha senão dormir.
Na madrugada choveu um pouco. Pouco, mas suficiente pra mostrar que a barraca de Erick não é impermeável (choveu mais dentro do que fora dela). Também de madrugada houve ataques “formicais” na barraca de Pankas, pois esse não teve o devido cuidado de deixar seu tênis sujo de Coca-cola fora da mesma.
Fomos dormir extremamente gratos ao Negão, O Salvador, pois se não fosse o carro sob sua direção, teríamos voltado do meio do caminho, já que não teríamos como amenizar o peso e muito menos "cavalos" suficientes para fazer andar a Invenenada. Nem pra subir as ladeiras que levam ao Parque, nem a da Serra do Tombador, caso tivéssemos que abortar a viagem...
P. S.: Após a última lanterna se apagar, ouviu-se a voz de Nilson: “Pronto, agora todo mundo ficou da mesma cor”.
Acordamos cedo para aproveitar melhor o dia. Depois de tomarmos café (na verdade, pão com mortadela), saímos rumo ao Vale do Dandá, numa caminhada (e escorregões) de um pouco mais de uma hora. O percurso teria sido menos longo, se não fosse os escorregadios limos, que teimavam em testar nosso equilíbrio.
Também como pretexto para descansar, parávamos o tempo todo pra tirar fotos. Felizmente encontramos um curso de Coca-cola, quer dizer, água, no qual pudemos saciar a sede (com moderação, pois a cor afro-descendente é devido a óxido de ferro e ácido orgânico dissolvidos na água. Este último pode provocar um infeliz transtorno intestinal...)
Chegamos ao Vale do Dandá, por volta das 09:00h. Esse local de beleza excepcional fez por merecer toda a caminhada: Um penhasco com vista para um verdejante vale. No topo da serra prevalecia uma vegetação estranha e bela, que mais parecia uma mine-floresta de bonsais. Neste local, nos sentíamos na Europa - Alpes Suíços, Irlanda, sei lá, qualquer lugar, menos no sertão da Bahia.
No retorno, entramos noutra trilha rumo à cachoeira Bico de Urubu. A caminhada foi bastante exaustiva (subidas, descidas, matas e serras), mas, felizmente, igualmente compensadora. A cachoeira Bico de Urubu possui mais de 40 metros de queda, na qual usufruímos cerca de 40 minutos de alegria. Apesar de a água parecer gelo e a pedra um iceberg no meio da mata, todos nos divertimos e tiramos altas fotos – soltamos a criatividade - nesta magnífica paisagem.
Devido ao horário (e à fome) não demoramos muito. Em vez de voltar pela trilha pela qual viemos, voltamos à sede pelo vale do Jajai, em freqüentes escaladas por pedras, cordas (foi aí que muitos de nós fizemos rapel pela primeira vez), pontes de madeiras e cipós. Todos chegamos extremamente cansados, mas satisfeitos.
Conversando com o nosso guia (Geovan) sobre possíveis outras trilhas, comentou debochadamente que alguns membros do supracitado “Clube do Bolinha” não suportariam a caminhada à cachoeira do Sinvaldo, a mais distante da sede, com 162 metros de altura.
Pouco tempo depois de almoçarmos miojo e farofa com ovo cozido, tivemos que tomar providências em ir embora. A intenção inicial era voltar na quarta pela manhã, mas (por motivos já conhecidos por todos) decidimos aproveitar a companhia do Negão, O Salvador, e assim massageamos nossos calos e tiramos nosso lodo em casa.
Dormimos felizes por ter conhecido um pequeno grande paraíso natural a poucas dezenas de quilômetros de nossa residência (51 km), pouco conhecido agora, mas que esperamos tornar-se-á grande atrativo turístico regional.
Encerramos aqui a primeira parte dessa aventura, deixando para próxima semana a segunda, que compreende visita à Toca dos Ossos e Poço Verde, ambos no município de Ourolândia - BA.
Clique aqui para visitar o site do Parque Estadual Sete Passagens
Veja aqui mais fotos dessa aventura!
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3 comentários:
Maravilha de Iniciativa.
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Olha.. vcs podem me ajudar a entrar em contato com esse parque?
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